BIOGRAFIA BEZERRA DE MENEZES

A VIDA DO FILOSOFO,ESPIRITA,EMPRESARIO,POLITICO,MEDICO O APOSTOLO DA CARIDADE

BEZERRA DE MENEZES NO  Wikipédia


Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Riacho do Sangue, 29 de agosto de 1831 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1900) foi um médico, militar, escritor, jornalista, político e expoente da Doutrina Espírita no Brasil.

    Infância e juventude

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.
Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila do Frade (adjacente ao Riacho do Sangue, atual Jaguaretama) onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.
Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.
Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.



   A carreira na Medicina


Nesse período a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela actuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de Março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano. Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efectivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia atualmente ao de Prefeito.Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou, através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição que já naquela época afetava a população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la. Foi membro, a partir de 1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.


  Vida empresarial


             Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870). Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projeto que não conseguiu concretizar (c. 1872). Foi um dos directores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel.Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

   Militância intelectual


        Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra, Bezerra se auto-intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que na época já haviam abolido a escravidão de seus domínios.
Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Alguns indicam que foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai e o visconde de Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redactor d'A Reforma, órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal Sentinela da Liberdade. Escreveu também outras obras, como "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro, o Leproso", "Os Carneiros de Panúrgio", "História de um Sonho" e "Evangelho do Futuro".
Sabe-se que Bezerra de Menezes era fluente em pelo menos três línguas além do português: latim, espanhol e francês.



                          Militância espírita 

   


         Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos. Sobre o contacto com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:
"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distracção para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no 'O Livro dos Espíritos'. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença."
                                                                         
    Contribuiu para a sua adesão o contato com as "curas extraordinárias" obtidas pelo médium João Gonçalves do Nascimento (1844-1916), em 1882.
Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a redacção de artigos doutrinários.
Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, perante grande público (estimado, conforme os seus biógrafos, entre mil e quinhentas e duas mil pessoas) no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em longa alocução, justificou a sua opção em abraçar o Espiritismo. O evento chegou a ser referido em nota publicada pelo "O Paiz".
No ano seguinte, a pedido da Comissão de Propaganda do Centro da União Espírita do Brasil, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em O Paiz, periódico de maior circulação da época.Na seção intitulada "Spiritismo - Estudos Philosophicos", os artigos saíram regularmente aos domingos, no período de 23 de outubro de 1887 a dezembro de 1893, assinados sob o pseudónimo "Max".
Na década de 1880 o incipiente movimento espírita na capital (e no país) estava marcado pela dispersão de seus adeptos e das entidades em que se reuniam. Havia, ainda, uma clara divisão entre os espíritas ditos "místicos" (defensores de uma visão religiosa da doutrina), e os chamados "científicos" (defensores de um olhar filosófico e científico).
Em 1889, Bezerra foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da Federação Espírita Brasileira. Nesse período, iniciou o estudo sistemático de "O Livro dos Espíritos" nas reuniões públicas das sextas-feiras, passando a redigir o Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador de espíritos obsessores. Organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril), com a presença de 34 delegações de instituições de diversos estados.[nb 4] Assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil a 21 de abril e, a 22 de dezembro de 1890, oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.
De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que traduziu o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, publicado em 1892. Em fins de 1891, registravam-se importantes divergências internas entre os espíritas e fortes ataques ao exteriores ao movimento. Bezerra de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação dos artigos semanais em "O Paiz", que encerrou ao final de 1893.Aprofundando-se as discórdias na instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de Agosto desse ano), função que exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de "O Evangelho segundo o Espiritismo", fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.
Foi em meio a grandes dificuldades financeiras que um acidente vascular cerebral o acometeu, na manhã de 11 de abril de 1900. Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo Senador Quintino Bocaiúva. No dia seguinte, na primeira página de "O Paiz", foi lhe dedicado um longo necrológio, chamando-o de "eminente brasileiro". Recebeu ainda homenagem da Câmara Municipal do então Distrito Federal pela conduta e pelos serviços dignos.
Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.                 


  O LEGADO


       Bezerra de Menezes deu o nome a uma das embarcações a vapor da Estrada de Ferro Macaé e Campos que, fretado à Companhia Terrestre e Marítima do Rio de Janeiro, naufragou em Angra dos Reis a 29 de Janeiro de 1891. Não houve vítimas fatais.Com relação ao aspecto missionário da vida de Bezerra de Menezes, a obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Chico Xavier, atribuído ao espírito de Humberto de Campos, afirma:"Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração."Bezerra foi também homenageado em Anápolis, Goiás, em 1982, com o nome de uma escola de ensino fundamental - Escola de 1º Grau Bezerra de Menezes -, que atende a 200 alunos conveniados com a rede estadual de Goiás. Em Fortaleza, capital do estado do Ceará, sua terra natal, há uma avenida com o seu nome, situada no então distrito que levava o nome de seu pai, Antônio Bezerra, atualmente desmembrado em vários bairros, sendo a mencionada avenida situada entre os bairros Parquelândia, São Gerardo e Otávio Bonfim.Em São José do Rio Preto, SP, o maior Hospital Psiquiátrico, que atende a toda a região, também leva o nome de Bezerra de Menezes.


 O TITULO   O "Kardec Brasileiro"


   Pela atuação destacada no movimento espírita da capital brasileira no último quartel do século XIX, Bezerra de Menezes foi considerado um modelo para muitos adeptos da Doutrina. Destacam-lhe a índole caridosa, a perseverança, e a disposição amorosa para superar os desafios. Essas características, somadas à sua militância na divulgação e na reestruturação do movimento espírita no país, fizeram com que fosse considerado o "Kardec Brasileiro", numa homenagem devida ao papel de relevância que desempenhou. Muitos seguidores acreditam, ainda, que Bezerra de Menezes continua, em espírito, a orientar e influenciar o movimento espírita. É considerado patrono de centenas de instituições espíritas em todo o mundo.

    O FILME



    A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito, com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, e com a participação especial de Lúcio Mauro. A produção foi orçada aproximadamente em R$ 2,7 milhões, a cargo da Trio Filmes e Estação da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-de-obra de uma equipe de cento e cinquenta pessoas. O lançamento do filme deu-se em 29 de agosto de 2008.


         Instituições de que foi membro


     Efectivo da Academia Nacional de Medicina e honorário da Secção Cirúrgica.
Instituto Farmacêutico
Sociedade de Geografia de Lisboa
Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional
Sociedade Físico-Química
Sociedade Propagadora das Belas Artes
Sociedade Beneficência Cearense (Presidente)
Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro (Conselheiro)
Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão (Presidente)
Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (Fundador)
Companhia Arquitetônica de Vila Isabel (Director)

                                               Artigos e obras publicadas

                            Artigos e obras publicadas


                        1856 - "Diagnóstico do cancro"
1857 - "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
1859 - "Curare". (Anais Bras. de Medicina v. 1859-1860 p.121-129)
1869 - "A Escravidão no Brasil, e medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"
1877 - "Breves considerações sobre as secas do Norte"
- "Das operações reclamadas pelo estreitamento da uretra"
Biografia de Manuel Alves Branco, visconde de Caravelas
Biografia de Paulino José Soares de Sousa, visconde do Uruguai
1892 - publicação da sua tradução de Obras Póstumas, de Allan Kardec
1902 - "A Casa Assombrada" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEB)
1907 - "Espiritismo (Estudos Filosóficos)" (coletânea dos artigos publicados em O Paiz no período de 1877 a 1894, publicada pela FEB em três volumes)
1983 - "Os Carneiros de Panúrgio" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEESP)
1946 - "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica" ou "Uma carta de Bezerra de Menezes" (réplica a seu irmão que lhe exprobrava a conversão ao Espiritismo, publicada postumamente, em livro, pela FEB)
1920 - "A Loucura sob novo prisma" (estudo etiológico sobre as perturbações mentais, publicado pela FEB)
"Casamento e mortalha" (romance, incompleto)
"Evangelho do Futuro"
"História de um Sonho"
"Lázaro, o Leproso"                    
"O Bandido"
"Os Mortos que Vivem"
"Pérola Negra"
"Segredos da Natura"
"Viagem através dos Séculos"


     Principais obras e mensagens mediúnicas atribuídas a Bezerra de Menezes


                        Através de Divaldo Pereira Franco, comunicações nas seguintes obras1991 – "Compromissos Iluminativos" (coletânea de mensagens, ed. LEAL)Através de Francisco Cândido Xavier, comunicações nas seguintes obras1973 - "Bezerra, Chico e Você" (coletânea de mensagens, ed. GEEM)1986 - "Apelos Cristãos" (coletânea de mensagens, ed. UEM)"Nosso Livro""Cartas do Coração""Instruções Psicofônicas""O Espírito da Verdade""Relicário de Luz""Dicionário d'Alma""Antologia Mediúnica do Natal""Caminho Espírita""Luz no Lar"Através de Francisco de Assis Periotto, comunicações nas seguintes obras2001 - "Fluidos de Luz: ensinamentos de Bezerra de Menezes" (Ed. Elevação)2002 - "Fluidos de Paz: ensinamentos de Bezerra de Menezes" (Ed. Elevação)2006 - "Conversando com seu Anjo da Guarda - ensinamentos de Bezerra de Menezes sobre a Agenda Espiritual " (Ed. Elevação)Através de Maria Cecília Paiva, comunicações nas seguintes obras"Garimpos do Além" (coletânea de mensagens, ed. Instituto Maria).Através de Waldo Vieira, comunicações nas seguintes obras"Entre Irmãos de Outras Terras""Seareiros de Volta"Através de Yvonne do Amaral Pereira, comunicações nas seguintes obras1955 – "Nas Telas do Infinito" (1ª. Parte, romance, ed. FEB)1957 – "A Tragédia de Santa Maria" (romance, ed. FEB)1964 – "Dramas da Obsessão" (romance, ed. FEB)1968 – "Recordações da Mediunidade" (relatos e orientações, ed. FEB)
   

AGORA A BIOGRAFIA DELE PELO SITE

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Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831, desencarnando no Rio da Janeiro, no dia 11 de abril de 1900.
No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se, suficientemente, até onde dava os conhecimentos do professor que dirigia a primeira fase de sua educação. Muito cedo revelou a sua fulgurante inteligência, pois aos 11 anos de idade iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.
Seu pai, o capitão das antigas milícias e tenente- coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação. Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o levou a dar abonos de favor a parentes e amigos, que o procuravam para explorar- lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna. Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía, o que era suficiente para integralizar a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo- lhe que pagasse como e quando quisesse.
O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar- se mero administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações.
Animado do firme propósito de orientar- se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou- se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes. A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória "Algumas Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento". O parecer foi lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857, tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1.o. de junho. Em 1858 candidatou- se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião- Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião- Tenente.
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser medico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Câmara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista tríplice para uma carreira no Senado.
Quando político, levantaram-se contra ele, a exemplo do que sucede com todos os políticos honestos, rudes campanhas de injuria, cobrindo seu nome de impropérios entretanto, a prova da pureza de sua alma, deu-a, quando deliberou abandonar a vida publica e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxilio da sua bolsa minguada e generosa.
Afastado interinamente da atividade política, dedicou-se a empreendimentos empresariais criou a Companhia Estrada de Ferro Macaé/Campos, na então província do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, pretendendo levá-la ate o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro , no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristóvão. Voltando a política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato ate 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu- mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar- me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi- me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei- me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".
Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, que pelas replicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no O Paiz , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma serie de artigos sob o titulo O Espiritismo – Estudos Filosóficos . Os artigos de Max , pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espirita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro — o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futu
ro". Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra de Menezes tinha o encargo de medico como verdadeiro sacerdócio por isso, dizia: Um medico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se e´ longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não e´ medico, e´ negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse e´ um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única esportula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espirito, a única que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.
No ano de 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo no Brasil, e os que dirigiam os núcleos espiritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais estreita e indestrutível.
Os Centros Espiritas, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia sua atividade em um determinado setor, despreocupado em conhecer as atividades dos demais. Esse estado de coisas levou-os a fundação da Federação Espirita Brasileira (FEB).
Nessa época, já existiam muitas sociedades espiritas, porem as únicas que mantinham a hegemonia eram quatro: a Acadêmica, a Fraternidade, a União Espirita do Brasil e a Federação Espirita Brasileira. Entretanto, logo surgiram entre elas rivalidades e discórdias. Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando importantes instruções, dadas por Allan Kardec, através do médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso Centro Espirita porem nem por isso deixava Bezerra de dar a sua cooperação a todas as outras instituições.
O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único freqüentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
Em 1893, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O Paiz".
Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espirita Brasileira.
Iniciava- se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria.
Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa. Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía.
Ninguém desconhecia a luta tremenda em que se debatia a família do grande apóstolo do Espiritismo. Todos conheciam suas dificuldades financeiras, mas ninguém teria a coragem de oferecer fosse o que fosse, de forma direta. Por isso, os visitantes depositavam suas espórtulas, delicadamente, debaixo do seu travesseiro. No dia seguinte, a pessoa que lhe foi mudar as fronhas, surpreendeu- se por ver ali desde o tostão do pobre até a nota de duzentos mil reis do abastado!…
Desencarnou em 11 de abril de 1900. Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar- lhe a última visita.
No dia 17 de abril, promovido por Leopoldo Cirne, reuniram- se alguns amigos de Bezerra, a fim de chegarem a um acordo sobre a melhor maneira de amparar a sua família, tendo então sido formada uma comissão que funcionou sob a presidência de Quintino Bocaiúva, senador da República, para se promover espetáculos e concertos, em benefício da família daquele que mereceu o cognome de "Kardec Brasileiro".
Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinqüenta mil réis (antiga moeda brasileira), para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.
Desesperado — uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida — e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.
Poucos dias após bateram- lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática.
Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando- se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.
O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou- lhe então a quantia de cinqüenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu- se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.
No ano de 1894, em face das dissensões reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira.
Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:
– Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.
– O trabalhador da vinha, disse Bittencourt Sampaio, é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.
– De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto aliás me tem criado sérias dificuldades, tornando- me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.
– E por que não te tornas médico homeopata? disse Bittencourt.
– Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.
Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:
– Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.
– Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?
– Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Home
opatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo- te, quando precisares, novos discípulos de Matemática . . 

SENHOR DESMANIPULADOR

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